segunda-feira, 27 de julho de 2009

Arquiteto ou Engenheiro, quando deveria ser Arquiteto + Engenheiro!

Existe um mito sobre arquitetos e engenheiros. Já ouvi várias vezes a pergunta (mesmo sendo arquiteta) "contrato um engenheiro ou um arquiteto?". Para entender a diferença, vou fazer o seguinte comparativo: você faria uma cirurgia do coração sem o anestesista?
Concorda que são duas funções complementares? Claro, você pode até fazer a cirurgia mas, no mínimo, sofrerá bastante...
A arquitetura e a engenharia são profissões que deveriam estar sempre juntas e nunca serem comparadas. Elas são complementares.
O arquiteto aprende 20% do que o engenheiro aprende, em compensação estuda ergonomia (relação do homem e o espaço que ele ocupa), geologia, térmica, acústica, RESMAT (resistência dos materiais) ambientação, imagem, história da arte e arquitetura e, principalmente, 5 anos de projetos de todos os tipos: casa, escola, hospital, conjuntos habitacionais, reurbanização de favelas, paisagismo, design... Projetamos até bairros e disposição de ruas (urbanismo).
O engenheiro estuda 10% de projeto e 10% das outras matérias que coloquei anteriormente, porém, os outros 80% é cálculo, hidráulica, elétrica, ou seja, é ele quem colocará de tudo que o arquiteto estudou e projetou "de pé".
Não dá para um querer desempenhar o papel do outro! São complementares. Se trabalhar de maneira separada com certeza falhas vão acontecer.
Outra maneira de explicar, é ainda utilizando o mesmo exemplo do anestesista e o cirurgião. É que o arquiteto é sim o anestesista, sabe por quê? Não se faz uma cirurgia sem anestesia. Assim como não se faz uma obra sem planejamento e estudo. O papel do arquiteto, não é só fazer a sua casa (escritório, empresa, escola, hospital,clínica) ficar "bonitinha", é fazer um espaço funcional, que comporte sua estrutura, projetar algo com valor de venda.
Esqueça a idéia de que o arquiteto vai fazer o que estiver na cabeça dele, o papel de um bom profissional de arquitetura e fazer o que você tem na sua cabeça, cliente, te orientar, dizer se é legal ou não, aprimorar, ser seu parceiro, tornar o seu sonho real e viável. Depois da "anestesia" é só chamar o engenheiro calculista - o cardiologista da obra - o engenheiro hidráulico e o elétrico - para cuidar do bom funcionamento do sistema circulatório - pois preparado para a mesa de cirurgia, opa, quer dizer, para a obra, você terá sim uma casa ou qualquer outra edificação em plena saúde.

Gosto muito de um comentário que ouvi em uma entrevista com o Oscar Niemeyer (que é arquiteto engenheiro). Ele tem um engenheiro com o qual ele se identifica muito e trabalharam anos juntos, e quando o Niemeyer começava um projeto novo, já escutava de seu companheiro engenheiro falando "e aí, meu camarada, qual será o belissimo desafio que você fará eu colocar de pé?".
É Assim que deve ser a parceria engenheiro e arquiteto.
Eu, como arquiteta, adoro engenharia, admiro o trabalho dos meus colegas, e até hoje a recíproca tem sido verdadeira.
E me desculpe, leitor, se de alguma maneira este texto pareceu não tão profissional, mas me abstenho dos termos técnicos e bastante chatos, para que você compreenda que somos profissionais que realizamos o seu sonho, e esta proximidade faz com que nossa profissão seja menos elitizada, afinal, arquitetura é para todos!

Ok, mesmo depois de todo este texto, se você ainda preferir construir sem a ajuda destes profissionais, lembre-se que a comparação é a mesma: você faria uma cirurgia do coração com o alguém que nunca estudou para isso?

Um abraço!

Arquiteta Natália Diniz